sábado, 17 de abril de 2010

Iaê

Ah sim, esqueci de me apresentar!
Já se passou um ano e um mês que escrevo aqui e não falei nada sobre mim. Acho que os detalhes que estão aí do lado não dizem muito. Ah, não é nada que o Orkut ou Facebook já não tenha dito.


Meu nome é Thiago Augustinho Aparecido, tenho 25 anos. Há algumas postagens que mostro minha vontade de mudar o nome. Gosto dele, mas o motivo eu tenho e todos conhecem. Preciso de fundos. O tempo que vai demorar para conseguí-los é o bastante para vir o resto.

Não sei o que pensam os mais velhos. Aos mais novos que eu, já deixo avisado que ter essa idade não é grande coisa. Pode ser que eu dê muita risada dos meus dilemas de hoje, tendo 25 anos em 2010. Pode ser que não, já que não fico rindo das minhas crises aos 19.

A família vai bem, obrigado.

Minha namorada também está legal. Resumindo, são duas rotinas distantes com intersecção. Me acostumei com a ideia da distância, ainda que o comichão de querer fazer algo e ir vê-la é enorme. A sede pelo mundo está sentada na cadeira.

Estudo Letras. Foi na faculdade que eu a conheci e também outros dos grandes amigos meus. Foram muitas loucuras o ano do vestibular (2005), algumas delas estavam registradas na minha antiga página. Naqueles tempos, eu era rodeado de pessoas que foram importantes para as minhas grandes escolhas. Em muitas delas eu só tive coragem de mergulhar graças a esses velhos amigos, essa família que também amo. Sempre fui motivado e sou feliz por isso, estando com eles ou não.

A contrário do que muitos pensam, as principais barreiras apareceram depois do vestibular. Mudar para São Paulo, admitir mais paredes em casa. O ambiente construído por bicicletas, mar, chuvas borrifadas, tudo foi trocado por uma rotina de dias de semana ao lado da maior cidade do país. Digo "ao lado" porque a Cidade Universitária, perto de onde eu morava (e o meu atual endereço) não é exatamente São Paulo. Por muito tempo, abri mão da chance de me manter e me emancipar, só para estudar livre de compromissos, e hoje eu trabalho e não quero a vida de antes. Teve seu tempo. Deixaria de trabalhar caso eu mergulhe numa nova fase, a itinerante. Enfim, tive liberdade pra me comportar assim na época; foi necessário por um tempo. O tempo que o filhote precisa pra alçar o primeiro voo. E foi.

Fui. Os anos passaram, rotina de bandejão, amigos, biblioteca. Deixei de ver vários dos que antes costumava conviver diariamente no cursinho em Santos. Também, hoje não vejo vários daqueles com quem convivia todos os dias na faculdade. Às vezes nos vemos, sem querer. Quase sem aulas lá, eu vou andando pelos corredores procurando eles, e quase sempre não encontro. É normal encontrar, bater um papo curto. Sinto falta, sabe? Faço isso toda semana. Saudade, ué.

Já me expliquei, me desculpei, mas não adianta. Sou desnaturado mesmo. Meu sobrenome "Aparecido" é uma ironia. Tenho o hábito de desaparecer e não dar satisfação.

Sempre voltei a Santos aos finais de semana. Meus compromissos com o Espiritismo no litoral são maiores do que qualquer show de graça, festinha ou viagem que possa surgir na capital. Então, o negócio é sempre me programar. Esse hábito é muitas vezes entendido como algo que atrapalha meus finais de semana. A maioria esmagadora não entende que é graças a essa estrutura que estou de pé. Até mesmo os meus problemas, que aparecem em virtude da luta contra eles. O rio é uma delícia se você não lutar contra ele; a maioria está aí pra isso. Não é meu caso.

Não acho que religião seja a salvação, mas o ato de refletir sobre si mesmo só acontece em um grau eficaz graças a esses finais de semana na casa espírita. E, como espírita tradicional que parece heterodoxo, sou incrédulo e seleciono todo tipo de informação que cai por aí. É o que me fascinou a princípio. Senão vira calo, como muitos fazem, acreditando em tudo que se diz. Dentro da doutrina dos espíritos, depois de um certo tempo, é comum concordar com tudo. Por isso, me motivo sempre a ter a postura crítica que engrenou os franceses lá, há dois séculos. Minha fé sempre sofre com isso, porém, depois da dor vem a força que lhe é merecida pela resistência conquistada ao longo da prova. Mesmo as separações, uniões ou os intervalos entre elas são provas.

Sou muito feliz com a minha namorada. O fato é que estou morrendo de saudade por causa dessa distância das cidades. Telas de computador, câmera e microfone não são o ideal; é por pouco tempo, tempo que parece uma eternidade.

Quero crescer. Sou comedido pra caramba, mas tem hora que dá vontade de explodir todas as camadas dos meus infinitos casulos. Só que a responsabilidade tem sua hora. Ainda assim, quero continuar tirando fotos com careta, roupas engraçadas, imitar bichos tortos. Sei que vou ter rugas. Só não quero ser sério.

Continuo estudando. Na verdade, é meu último semestre. Faço a última disciplina do curso. É, ok, tá legal: sim, desisti da licenciatura. Foi uma decisão dura, tão dura que demorei pra admitir as consequências. Sem mais sobre isso. Meus planos continuam os mesmos, sempre sendo adaptados.

Esse meu hábito de criar planos secundários (e não ter um plano principal) está prestes a chegar ao fim. É a crise da idade. Calma, eu explico. Tenho benefícios por esboçar vários planos que têm a mesma importância. Só que nessa altura eu preciso decidir. Prestar vestibular de novo vai fazer um desses planos ser mais importante que outros. Vou dar um fôlego a minha vida acadêmica, zerar a média ponderada, continuar pagando meia entrada no cinema, morar de graça com meus amigos por mais um parzinho de anos. E, trabalhando, é o tempo certo pra arrumar a vida e pescar as chances.
É diferente de quando conheci São Paulo de mala nas costas.

Hoje trabalho em uma empresa no Ipiranga, perto do museu. Um emprego muito bom, realmente gosto do que eu faço. Não vai pagar as contas que um dia vou ter, por morar com minha esposa e filhos, pelas contas. Sei que tem seu tempo. Além de ser de uma área que já desejei, o Jornalismo, eu sinto que o que faço tem seus frutos. Gosto de sentir alguma importância, diferentemente dos bicos que já fiz. Embora eu saiba que posso ser mais importante ainda.

Não desmereço o trabalho que tive na música. E não, não parei de fazer música. Continuo com o violão, mesmo depois de muito tempo longe dos palcos, ensaios, montagem de repertório. Esse tempo vai engordar, sinto isso. Não lamento. Tem lá seu prazo. Meus planos pra música estão caminhando sem perder o ritmo, com passo lento, de acordo com que consigo aprender. É, estou estudando música, saindo do amadorismo.

Ok, agora preciso ir dormir. Esse tom de conversa parece com dos primeiros textos dessa página. Gostei, sem papo sério.

A gente se fala conforme for.

Até mais!

2 comentários:

  1. Passei a te conhecer melhor a partir desse texto e a te admirar ainda mais. Apareça, sumido (ou será Aparecido?)! Mal te vi na sexta. Já sei, são os seus compromissos.... um beijo

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  2. Iaê. Muito prazer, de novo. Um pouco mais dessa vez, né? Já tinha lido antes mas deixei pra comentar depois, pois queria ler de novo com mais calma. Só uma dica: a crise dos 30 é de longe mais complicada que as anteriores! rsrsrs Super abraço.

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