quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estacionamento

A estagnação é um risco ao qual estou sujeito sempre que baixo minha guarda. E, por incrível que pareça, quanto mais eu me punha acomodado e estacionado, mais a espiritualidade dava suas caras. Ainda hoje eu me impressiono com o amparo que recebo, ainda quando não oro nem vigio.

Por fortuna, me descobrir tem sido uma busca sem fim, e caminhar para o mal é algo possível desde que eu caia pelas minhas próprias mãos, me deixando levar pelas ressalvas e entrelinhas do mundo. Nunca vou piorar - a estagnação por si só já é muito -, pois retrocesso não existe naquilo que creio; acredito que, se me torno mau, é porque o mal já habitava em mim de forma adormecida, latente, esperando o estímulo certo no momento adequado. Se eu vigiar meus passos, isso se torna bem difícil de acontecer

Madeleine & Nakashima

Vocês não tem noção como essas coisas me dão nos nervos.
É óbvio que é necessário investigar e resolver a arenga. Porém, desconfio demais quando algo ganha a mídia e a pressão sobre a autoridade. É muita mobilização de bombeiro e polícia quando se trata de gente de status.

É mergulhador, guindaste, livros lançados sobre o assunto... raios!

Fico louco quando não vejo o mesmo tratamento em ocorrências menores, com quaisquer outras pessoas.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Tem que falar

Sentados à mesa, regados a queijo e vinho, eu disse que tem que falar.
Foi nesse dia que nasceu o nome desta página.

Não vejo problema algum em reconhecer que alguém é bonito ou não.

A contrário do que se pensa disso, não dou tanta importância quanto parece. Aliás, é justamente por não dar importância que trato isso com naturalidade. O problema é que muita gente escreve parecer com s.

Pior - ou melhor, depende do ponto de vista -; eu não me importo de achar isso de homens. Ok, eu mijo de pé e não gosto da fruta, mas isso não me impede de reconhecer um homem bonito.

Mesmo achando tudo isso, se eu estiver num grupo ou ambiente em que essa minha opinião é estritamente oposta, eu a guardo comigo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Movimento e Parada

Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo
"Daniel na Cova dos Leões", Legião Urbana




Não tenho qualquer restrição de comportamento com homossexuais.

Entendo que muitos contestem e enfrentem tudo e todos, descartados por tanto tempo e blá blá blá. Contudo, discordo dessa atitude nos dias de hoje, já que não enxergo nisso uma causa. Sabe, já passou, não precisa mais disso. A necessidade de auto-afirmação se esvaziou de sentido.

Pra piorar, organizam eventos como a Parada do Orgulho LGBT que, na contramão do que se diz ser, promove o maior contrassenso legal de todos: sexo ao ar livre, com camisinhas grátis entregues a todos, com o consentimento da prefeitura de São Paulo, ajudando com parapeitos com a Av. Paulista fechada para trânsito de carros. Que me perdoem os insensatos, mas se homofobia é crime, atentado ao pudor também é.
O policiamento que tomou conta da parada foi o mesmo que prendia quem mijasse na rua durante o carnaval - sim, em várias cidades do país, quem abriu o zíper viu o sol nascer quadrado.

O problema é que toda minoria quer ser tratada como especial. O lado bom de ser gay é justamente ser normal, uma pessoa qualquer. Não é azulzinho, verdinho, bolinhas amarelas, e mesmo se fosse, não faria diferença. Você mesmo poderia ser um.

Se por um lado eles são discriminados, por outro, são superestimados. Ser especial é o mesmo argumento que faz muitas mulheres preferirem a amizade de gays as dos homens e das mulheres. O fato de ser gay, afeminado, genérico ou similar é o bastante. Garanto que se fosse uma mulher, rebolando e falando com a liberdade que falam, o bicho ia pegar. "Vaca" seria o nome mais fofinho. Enfim, isso é outra babaquice dentro de outra maior, outra que não tolero. Quem pensa isso é retrógrado demais pra pisar e respirar no século XXI.

Mas agir assim e esperar a aceitação da sociedade, desculpa, não dá. Meu desprezo por esse tipo de eventos vale tanto pra 110v, 220v, bivolt ou rosa-choque, rosa-chique. Gostar de sexo não significa curtir micareta, pegação, suruba ou balada. Tô de boa aqui.

Valeu o desabafo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Vinte e seis de agosto

Veja Bem, Meu Bem
(Marcelo Camelo)

Veja bem, meu bem
Sinto te informar que arranjei alguém
pra me confortar.
Este alguém está quando você sai
E eu só posso crer, pois sem ter você
nestes braços tais.

Veja bem, amor.
Onde está você?
Somos no papel, mas não no viver.
Viajar sem mim, me deixar assim.
Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins.

Enquanto isso, navegando vou sem paz.
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais.

E eu nunca vou te esquecer, amor,
Mas a solidão deixa o coração neste leva e traz.

Veja bem além destes fatos vis.
Saiba, traições são bem mais sutis.
Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém
chamado "Saudade".