quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Encruzilhada

Querer sem objeto
Voz sem alfabeto
Enchendo um corpo já repleto
O excesso, o exceto
O etcétera e todo resto
Do chão ao céu, da boca ao reto

"Excesso exceto", Lenine


Pois é! Não foi suficiente o esforço de planejar o semestre! Sem ensaios com banda, com estudo de música avulso e por própria conta, usar o banco de horas do trabalho para assistir as aulas da licenciatura até o fim, estudar para o vestibular da USP para cursar Letras novamente, desta vez com habilitação em Espanhol. Esqueci do básico para concluir primeiro esta graduação: as trocentas horas de estágio na rede pública!

As aulas voltaram nesta semana na USP. Com isso, normalmente meu ânimo estaria explodindo de ideias, traçando planos maquiavélicos que minha imaginação doentia permite, hehe. Mas como o bacharelado está praticamente encerrado, pois só falta uma disciplina de Literatura Portuguesa, não há motivo de tanto gosto. O melhor da licenciatura já passou: o começo, com o Prof. Zé Sérgio e seu apanhado de textos da Hannah Arendt e aulas em plena invasão da polícia na Cidade Universitária. O trabalho final me agradou tanto que virou postagem aqui, mesmo não sendo o recheio nem a cereja do bolo que foi o ano passado.

Na verdade, já estou com saudade do silêncio que aquele mato tem quando no período de festas lá fora. A fila do bandejão está grande, a bicharada fica toda assanhada pra comer, então não dá tempo de bater um prato antes do trabalho.

Vou aprender a sambar com o tempo que resta pois o ideal seria eu não precisar prestar vestibular de novo assim teria de sambar somente pra tocar os estágios em frente ao mesmo tempo que trabalho oito horas diárias cursando licenciatura da graduação em que comecei em 2006 e pretendo terminar neste ano enquanto estou sozinho quieto concentrado tocando violão nas horas vagas fuçando email enquanto o frio ensaia pra chegar e não - chega!

Vou fazer o possível para não abrir mão de nenhum dos planos deste semestre. Quero continuar os estudos de Tupi (minha única aula de noite... às sextas!), quero estudar algum dos meus instrumentos. Gosto tanto dos acústicos portáteis que qualquer um me deixaria feliz. Só falta foco, uma vez que tenho fuçado cada vez mais a música do mundo. Também não nego novas ofertas de emprego, mesmo gostando muito do trabalho.

Aqui está a prova cabal de que o ano começa depois da quarta de cinzas!

No confessionário...

Ó, meus irmãozinhos! Buzinei, buzinei. E nada: http://temquefalar.blogspot.com/2009/10/hey.html

Confesso: é verdade, assumi uns compromissos e sumi (não nessa ordem). E tenho lá minhas dúvidas se eu faria igual caso não me ocupasse. Depois do emprego, percebo o pouco tempo que tenho para aqueles que tanto prezo e amo. Só um pouco preso. Preço curto, custou meu tempo longo.

Começo a pensar seriamente naquela minha brincadeira sobre S.Paulo acabar com os problemas da metrópole por meio de um breve genocídio (é uma piada). Eu poderia fazer alguns cortes da minha caderneta pessoal, caderninho de telefone. Ou melhor, poderia oficializar isso pra mim mesmo, já que é um fato consumado, assumir que amigos de outrora se tornaram colegas íntimos por minha culpa, minha tão grande culpa.

Sobra os ss de alguns pai-nossos ajoelhados na madeira de balaústres. Um sinal da cruz vigiado pelos olhos de gesso, secos. Por dentro, a maior das insinceridades. Dispensei a cortesia dos salões e guardei a hipocrisia da etiqueta. A minha fé, pelo menos, não é posta em cheque (com ou sem fundo).

Também é verdade que eu poderia ter mudado isso quando eu estava com tempo livre. Às vezes sinto que me basto, embora não preciso de muitos tapas pra perceber que isso seja mentira. Vide os próximos capítulos - ou episódios.

Já que sou tão cara-de-pau assim, lá vai:
Um abraço relapso.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Semínima


Um quarto de século. Não importa se a vida é breve ou longa. Datas não são grande coisa. Depois de sucessivas vezes ter acontecido coisas que desmontassem o sentido do meu aniversário, resolvi não ligar. Datas são dias fechados, nada pode acontecer neles senão serão recordados por aquilo que há de ruim. Não, não costumo fazer isso; procuro o melhor de tudo, daí vem o meu gosto por músicas, religiões, artes e livros variados. Mas nesse caso eu sei que a maioria pensa assim como eu disse: datas se repetem, são ciclos. Talvez seja esse o meu maior embate contra costumes indígenas: os rituais, a repetição simbólica de eventos passados.

Para consagrar isso, hoje é o prazo para as inscrições de um concurso público para a FUNAI. Posso fazer pela internet. Anseio por isso. Mas já? Sumir já? Não sei se devo. Tenho que viajar pra fazer a prova.

Bem, voltando às datas, tanto faz. Para mim, data é dia como qualquer outro e por isso muita gente acha ruim quando não ligo nem apareço no aniversário, formatura ou qualquer outra celebração. Paciência.

Semana passada quebrei meus óculos ao correr da chuva pesada. Isso mesmo, colei as peças porque não vou ficar sem os óculos aguardando a manutenção. Comprei outro, igual, só que preto. Depois conserto o quebrado.

E quanto à música, sim! Comprei um pandeiro! Rodei lojas na General Osório e na Teodoro Sampaio, brinquei com derbak, timba, kalimba, alfaia... Nem sempre gostei de percussão e, como as outras coisas que sou completamente fascinado hoje, ontem não dava a mínima, não ligava. São fases que teimam, confundem força de vontade com teimosia. Essa ótima fase está durando uns bons anos...

E isso sim é "celebrável".