segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tsc

Um dia antes de sair o resultado, mudei de vez com as minhas coisas para o quarto do meio. Passei parte da manhã polindo os móveis, a tarde inteira limpando a casa e lavando o banheiro. Não suporto hiatos, intervalos de espera; estava ansioso para por em prática o quarto que imaginava. Gosto de aproveitar a ansiedade das situações. Fui me distraindo, pensando e ouvindo um pouco de Cartola e de Chico. Não podia aproveitar a folga da Dai junto dela, pois ela tinha aula de direção na hora do almoço e uma prova de francês no dia seguinte. Antes de terminar tudo, o Mau chegou com o Le e, depois de conversar com a assistente social, ele me avisou que ficarei com o quarto até o verdadeiro morador chegar de viagem. É óbvio que fiquei desanimado, mas eu já tinha aceitado o fato de que, se eu quisesse cortar gastos e talvez economizar, eu deveria aceitar também um colchão na sala e minhas roupas numa caixa. Isso não seria problema se eu não fosse organizado. Enfim, na quinta-feira o resultado saiu e eu não consegui vaga alguma, nem bolsa auxílio, mas sim a bolsa alimentação. Eu estaria mais contente ainda se não estivéssemos em greve, aí não gastaria com comida.

Com duas semanas de paralisações de funcionários na segunda-feira, justamente o dia que mais tenho aulas, eu suspendi seminários e preparações de trabalhos. A semana ficou vazia, e o período que usaria para me adaptar não foi tão necessário.

Poderia me dedicar aos amigos mais próximos, o que não favorecia economia nenhuma. Fui a tudo que pagava meia ou entrada gratuita. Passei por exposições, uma delas do Vik Muniz, com a Amanda. Fui atrás sebos de vinil com a Nalui; baixei discografias do Zeca, Cordel, Lenine e Djavan; assisti Contra a Parede, Che, Simonal e alguns outros filmes em casa; li contos rápidos do Veríssimo, textos de Osvaldo Orico sobre mitos ameríndios e alguma coisa de “Dialética da Colonização” do Alfredo Bosi. Fui atrás de ficção.

E este aqui seria um parágrafo a cores. Fica em ntsc.

Se antes não tivesse motivos pra ficção, hoje eu tenho, para interromper a subida dos degraus de miopia e a falta de apetite por destruição. É o mecanismo rápido de defesa. Uns pensam como covardia, outros chamam de imaturidade. Se não bastasse isso, tenho ainda o procedimento padrão nesse tipo de evento: os clichês de adesão ao cinza, de auto-identificação com as banalidades pop. Em si, tudo é contenção ao sabor do tempo, somado ao flamular do tempero amargo e somatizado ao possível crepitar de cartas e fotos. Subtraição alheiatória e pensageira.

Vou parar com essa porra de subjuntivo e começar a aliar o preciosismo ao palavrão.

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