A lista não levada a sério (escrita com lapiseira imaginária):
01-
02-
03-
04-
05-
06-
07-
08-
(...)
quarta-feira, 17 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
"Gás de pimenta para temperar a ordem"
“O sujeito que lê ou ouve um esquerdista, leu e ouviu todos os esquerdistas”
Nelson Rodrigues
A graça é que, enquanto isso, o pau tá comendo perto de onde eu moro. Pode uma coisa dessas? Desço do ônibus do lado da Engenharia, passo em frente ao prédio de Administração e Economia, todos com aula normal. E bem antes da Praça do Relógio já dava pra ver os helicópteros rodando em cima da reitoria da USP. Urubu espreitando carniça. Se alguém de Humanas queria entregar trabalho, mesmo com a faculdade em greve, desistiu ou cheirava malagueta.
Entre conviver ou matar o adversário, ficaram com a segunda opção. É o fim do diálogo, da política. Uma falta de tato dessas precisa de luva de pelica. Nunca vi tanta polícia na vida! E assaltantes aproveitam pra entrar em ação ali perto, do lado de fora da Cidade Universitária. O Datena deve ter xingado a nona geração dos grevistas. Discordo dos homens, mas agora eles ganharam a razão que precisavam. O Boris Casoy disse que a gente quer a universidade só para nós - em tom a favor do ensino à distância.
Chegou num ponto que eu, como estudante, não posso confirmar os podres dentro dos muros, senão todos vão concordar que dentro da USP só tem vagabundo. Tudo tem que ser dito com muita delicadeza, senão ninguém entende nada sobre o discurso esvaziado da greve, as posturas sindicalistas, a mercadoria que o ensino tá virando na mão do governo do Estado e o respaldo da reitora. E delicadeza é coisa que bala de borracha não tem.
Maçã faz bem pra voz
Ressignificar relações foi visitar posturas com um olhar inaugural. É uma saída rumo à tudo aquilo que não faz parte de si, como uma luz branca em plena escuridão. Enquanto estiver lá no preto, tudo o que se acreditava é posto à prova, até alcançar de novo a luz. Quando se volta ao ponto de partida, não se é mais a mesma luz; ela não só brilha, ela ofusca, ela se basta, por ter consciência da extensão de seu feixe, foco, contraste. Quem vive sempre na luz nunca vai entender isso - é falta da força da experiência.
Eu era assim há pouco tempo. Então, se você que lê esse texto não passou por algo parecido com o que passei (leia a postagem anterior), então pode parar por aqui - afinal, você não vai entender mesmo, e nenhum argumento vale quando lançado a um ignorante. Pérolas aos porcos. O aprendizado de algumas coisas é automático. Mijar, por exemplo. Já outras coisas se precisa passar por elas, por cima delas. Dançar só se aprende dançando.
Tive a chance de repensar e cheguei a novas conclusões. Conclusões não, perdão; não sou mais tão pretensioso a ponto de acreditar em pensamento concluído e absoluto. Como disse o Renato, "mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo". Retificando, cheguei a novos paradigmas, estes sempre sujeitos a mudanças. Eu mordi a maçã que despertou minha consciência e me arrancou do paraíso em que acreditava viver.
E o gosto é bom.
Não desacreditei no mundo. Na verdade, fui desenganado. Vivi o tempo todo preso a crenças minhas, no repúdio do esfrega-esfrega com luz piscando e bate-estaca na caixa. Hoje ganhei tolerância. Mas o ódio por balada, por tudo que isso remete e por todos que nisso se metem ainda continua, não mudou em nada. Descobri que não sou antiquado, porque antigamente isso era comum, só que com outra roupagem. O termo mais adequado é deslocado. Promiscuidade sempre existiu; fidelidade também - seja ao som de um twist, axé, moda de viola, polca, metal, salsa, rockabilly, pagode, vallenato, cumbia ou valsa. Não importa. Agora eu acredito no mundo tal como ele é, mas não adiro a ele.
Descobri que estou pensando igual ao meu pai. Nenhum romantismo é saudável porque pressupõe ilusão. Uma muito comum é a de que qualquer relacionamento se sustenta só no amor. Não, precisa de outras garantias. Tem a renda, tem o diploma, o emprego, o saco pra aturar todo dia, dar o braço a torcer mesmo estando certo (ou a sociedade do meio-a-meio, como diria o Leo), a paciência, responsabilidade etc. Isso eu já tinha quebrado.
Só que dessa vez eu pensei que é melhor setorizar as relações. Categorias como "prazer espontâneo" e "sonhos de ter filhos com a pessoa amada" não precisam viver juntas. Funciona assim: agora pode ficar, desde que seja bem resolvido pra isso. Não se deve usar ninguém, óbvio que não. A vida é de cada um, a Lei é uma, mas cada um arca com as consequências de seus próprios atos. Não importa se é amoral, imoral, mortal, pois cada um carrega em si sua ética, ou a ética do grupo ao qual pertence. É fácil ser levado pela maré, porque a gente descansa os braços de tanto remar. Não é o meu caso... não parei de remar, mas aproveitei para hastear a vela do barco. Facilita o navegar e economiza minhas forças.
Se ficou difícil, me procure pra conversar.
Eu era assim há pouco tempo. Então, se você que lê esse texto não passou por algo parecido com o que passei (leia a postagem anterior), então pode parar por aqui - afinal, você não vai entender mesmo, e nenhum argumento vale quando lançado a um ignorante. Pérolas aos porcos. O aprendizado de algumas coisas é automático. Mijar, por exemplo. Já outras coisas se precisa passar por elas, por cima delas. Dançar só se aprende dançando.
Tive a chance de repensar e cheguei a novas conclusões. Conclusões não, perdão; não sou mais tão pretensioso a ponto de acreditar em pensamento concluído e absoluto. Como disse o Renato, "mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo". Retificando, cheguei a novos paradigmas, estes sempre sujeitos a mudanças. Eu mordi a maçã que despertou minha consciência e me arrancou do paraíso em que acreditava viver.
E o gosto é bom.
Não desacreditei no mundo. Na verdade, fui desenganado. Vivi o tempo todo preso a crenças minhas, no repúdio do esfrega-esfrega com luz piscando e bate-estaca na caixa. Hoje ganhei tolerância. Mas o ódio por balada, por tudo que isso remete e por todos que nisso se metem ainda continua, não mudou em nada. Descobri que não sou antiquado, porque antigamente isso era comum, só que com outra roupagem. O termo mais adequado é deslocado. Promiscuidade sempre existiu; fidelidade também - seja ao som de um twist, axé, moda de viola, polca, metal, salsa, rockabilly, pagode, vallenato, cumbia ou valsa. Não importa. Agora eu acredito no mundo tal como ele é, mas não adiro a ele.
Descobri que estou pensando igual ao meu pai. Nenhum romantismo é saudável porque pressupõe ilusão. Uma muito comum é a de que qualquer relacionamento se sustenta só no amor. Não, precisa de outras garantias. Tem a renda, tem o diploma, o emprego, o saco pra aturar todo dia, dar o braço a torcer mesmo estando certo (ou a sociedade do meio-a-meio, como diria o Leo), a paciência, responsabilidade etc. Isso eu já tinha quebrado.
Só que dessa vez eu pensei que é melhor setorizar as relações. Categorias como "prazer espontâneo" e "sonhos de ter filhos com a pessoa amada" não precisam viver juntas. Funciona assim: agora pode ficar, desde que seja bem resolvido pra isso. Não se deve usar ninguém, óbvio que não. A vida é de cada um, a Lei é uma, mas cada um arca com as consequências de seus próprios atos. Não importa se é amoral, imoral, mortal, pois cada um carrega em si sua ética, ou a ética do grupo ao qual pertence. É fácil ser levado pela maré, porque a gente descansa os braços de tanto remar. Não é o meu caso... não parei de remar, mas aproveitei para hastear a vela do barco. Facilita o navegar e economiza minhas forças.
Se ficou difícil, me procure pra conversar.
domingo, 7 de junho de 2009
Em outras palavras...
... a Dai terminou comigo. Isso provocou poucas mudanças, mas todas muito profundas. Algumas conclusões ajudam, outras assustam os outros. Todas foram provadas empiricamente. No começo, se distrair dispersa a atenção para os problemas; depois vira hábito. Sem praticar o sentimento de amor, aos poucos ele se torna latente, e com o tempo, quem sabe, inexistente. Em novas palavras, não estou melhor nem pior: estou muito bem.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Empty broken clusters
É impressionante como os fatos presentes subvertem de algum modo os fatos passados. Os eventos são equalizados, piorando ou melhorando, e determinadas memórias ganham mais importância que outras. Algumas impressões positivas sobre a rotina perdem força pela falta de vontade.
Sou uma máquina que não deixa de funcionar se acaso uma peça quebra. As outras tarefas vão sendo realizadas conforme o grau de prioridade e o meu temperamento. O problema é quando algo é reprogramado de súbito. O tempo que minha memória demora a restabilizar o sistema é crítico, e sobrecarrega as conexões até as peças psicomotoras. Com efeito, o senso de dever permanece, sob um custo caro de não garantia de bom funcionamento e sob constantes oscilações de energia. Opera-se, enfim, com o máximo de potência.
Os acidentes de percurso ajudaram a ver, interpretar e escrever assim. A reprogramação recorre a mecanismos rápidos de defesa, e um bem eficiente é o sensorial. O modo de percepção da realidade sofre mudanças para preservação da máquina, tudo automático. Então, mesmo os eventos bons têm algum pixel alterado, feito mancha na tela.
Daí a necessidade dessa justificativa da escrita caída, e não dos meus atos. Tudo se pratica como sincronia de emoções.
Sou uma máquina que não deixa de funcionar se acaso uma peça quebra. As outras tarefas vão sendo realizadas conforme o grau de prioridade e o meu temperamento. O problema é quando algo é reprogramado de súbito. O tempo que minha memória demora a restabilizar o sistema é crítico, e sobrecarrega as conexões até as peças psicomotoras. Com efeito, o senso de dever permanece, sob um custo caro de não garantia de bom funcionamento e sob constantes oscilações de energia. Opera-se, enfim, com o máximo de potência.
Os acidentes de percurso ajudaram a ver, interpretar e escrever assim. A reprogramação recorre a mecanismos rápidos de defesa, e um bem eficiente é o sensorial. O modo de percepção da realidade sofre mudanças para preservação da máquina, tudo automático. Então, mesmo os eventos bons têm algum pixel alterado, feito mancha na tela.
Daí a necessidade dessa justificativa da escrita caída, e não dos meus atos. Tudo se pratica como sincronia de emoções.
Tsc
Um dia antes de sair o resultado, mudei de vez com as minhas coisas para o quarto do meio. Passei parte da manhã polindo os móveis, a tarde inteira limpando a casa e lavando o banheiro. Não suporto hiatos, intervalos de espera; estava ansioso para por em prática o quarto que imaginava. Gosto de aproveitar a ansiedade das situações. Fui me distraindo, pensando e ouvindo um pouco de Cartola e de Chico. Não podia aproveitar a folga da Dai junto dela, pois ela tinha aula de direção na hora do almoço e uma prova de francês no dia seguinte. Antes de terminar tudo, o Mau chegou com o Le e, depois de conversar com a assistente social, ele me avisou que ficarei com o quarto até o verdadeiro morador chegar de viagem. É óbvio que fiquei desanimado, mas eu já tinha aceitado o fato de que, se eu quisesse cortar gastos e talvez economizar, eu deveria aceitar também um colchão na sala e minhas roupas numa caixa. Isso não seria problema se eu não fosse organizado. Enfim, na quinta-feira o resultado saiu e eu não consegui vaga alguma, nem bolsa auxílio, mas sim a bolsa alimentação. Eu estaria mais contente ainda se não estivéssemos em greve, aí não gastaria com comida.
Com duas semanas de paralisações de funcionários na segunda-feira, justamente o dia que mais tenho aulas, eu suspendi seminários e preparações de trabalhos. A semana ficou vazia, e o período que usaria para me adaptar não foi tão necessário.
Poderia me dedicar aos amigos mais próximos, o que não favorecia economia nenhuma. Fui a tudo que pagava meia ou entrada gratuita. Passei por exposições, uma delas do Vik Muniz, com a Amanda. Fui atrás sebos de vinil com a Nalui; baixei discografias do Zeca, Cordel, Lenine e Djavan; assisti Contra a Parede, Che, Simonal e alguns outros filmes em casa; li contos rápidos do Veríssimo, textos de Osvaldo Orico sobre mitos ameríndios e alguma coisa de “Dialética da Colonização” do Alfredo Bosi. Fui atrás de ficção.
E este aqui seria um parágrafo a cores. Fica em ntsc.
Se antes não tivesse motivos pra ficção, hoje eu tenho, para interromper a subida dos degraus de miopia e a falta de apetite por destruição. É o mecanismo rápido de defesa. Uns pensam como covardia, outros chamam de imaturidade. Se não bastasse isso, tenho ainda o procedimento padrão nesse tipo de evento: os clichês de adesão ao cinza, de auto-identificação com as banalidades pop. Em si, tudo é contenção ao sabor do tempo, somado ao flamular do tempero amargo e somatizado ao possível crepitar de cartas e fotos. Subtraição alheiatória e pensageira.
Vou parar com essa porra de subjuntivo e começar a aliar o preciosismo ao palavrão.
Com duas semanas de paralisações de funcionários na segunda-feira, justamente o dia que mais tenho aulas, eu suspendi seminários e preparações de trabalhos. A semana ficou vazia, e o período que usaria para me adaptar não foi tão necessário.
Poderia me dedicar aos amigos mais próximos, o que não favorecia economia nenhuma. Fui a tudo que pagava meia ou entrada gratuita. Passei por exposições, uma delas do Vik Muniz, com a Amanda. Fui atrás sebos de vinil com a Nalui; baixei discografias do Zeca, Cordel, Lenine e Djavan; assisti Contra a Parede, Che, Simonal e alguns outros filmes em casa; li contos rápidos do Veríssimo, textos de Osvaldo Orico sobre mitos ameríndios e alguma coisa de “Dialética da Colonização” do Alfredo Bosi. Fui atrás de ficção.
E este aqui seria um parágrafo a cores. Fica em ntsc.
Se antes não tivesse motivos pra ficção, hoje eu tenho, para interromper a subida dos degraus de miopia e a falta de apetite por destruição. É o mecanismo rápido de defesa. Uns pensam como covardia, outros chamam de imaturidade. Se não bastasse isso, tenho ainda o procedimento padrão nesse tipo de evento: os clichês de adesão ao cinza, de auto-identificação com as banalidades pop. Em si, tudo é contenção ao sabor do tempo, somado ao flamular do tempero amargo e somatizado ao possível crepitar de cartas e fotos. Subtraição alheiatória e pensageira.
Vou parar com essa porra de subjuntivo e começar a aliar o preciosismo ao palavrão.
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