sexta-feira, 10 de abril de 2009

Uma pausa pro café


Vou fingir que você está sentado no banco na frente da biblioteca, e eu desci pra dar uma pausa. Pois bem, finja que eu falo muito, pelos cotovelos.
Aliás, de onde veio a expressão "falar pelos cotovelos"? Será que é por isso que a boca não alcança esse lugar? Tá bom, eu sei que eu deveria estar lendo um livro, mas cansei. Santa semana santa, pois não tem aula. Amo o que faço; já somam três anos (agora o quarto) que eu dou atenção às coisas que não terão relevância alguma lá na frente (línguas estranhas, livros que não caem em vestibular, hablablablá e nhenhenhe'eng). Poderia me contentar com romantismo e gramática - coisas que, aliás, não me animam muito e são a causa de algumas baixas no currículo - porém quero ir mais além, e sem muito esforço. Demoro pra ler. Sou um medalhão que precisa ser polido, até porque o brilho tá fosco. Três letras mágicas podem abrir portas, e isso tem lá suas vantagens. Já apanhei bastante do meu próprio orgulho quando exibi isso no peito, estampado na camiseta. Nunca foi algo crônico. Confesso que precisei disso pra acordar pro mundo; tenho lá meus méritos pra eleger isso como um rito de passagem, como dizem na antropologia. Poderia ser treinamento militar em Esparta, enfrentar hipotermia na Sibéria, vender cd pirata na ladeira Porto Geral, ir brincar no Aeroporto, colocar a mão num formigueiro no meio da tribo, ou ser marcado com brasa em África, como o Seal - mas só foi tinta e tesoura, e nem farinha teve! Antes, foram dois anos apagados, e a massagem cardíaca veio de dentro pra dentro - não foi nenhuma influência externa, e disso tenho real orgulho, já que conto sempre com a ajuda dos amigos, o que é ótimo mas me causa dependência. Mimado. Isso eu documentei desde março de 2003 até julho de 2005 num blog, que apaguei depois de salvar num arquivo - arquivo que perdi quando o disco rígido da minha república pifou, com todos os meus trabalhos até então. To acostumado a perder todos os dados... até parece a última pergunta do Show do Milhão. Mas nunca levaram minha carteira nem celular. Este último já tentaram, mas deu errado porque eu fui burro e reagi. Estou vivo pra contar a história, e não sei dizer o mesmo deles - bandido velho não existe. Bicicletas? Várias... É questão de orai e vigiai. Mas o "vigiar" fica pra próxima (quem sabe), e o "orar" bem mais pra depois. Pois é... "há malas que vão para Belém". Isso eu aprendi com um amigo. É verdade, há tempos um mal sozinho me motivou a melhorar em vários sentidos. Não vou recordar essas babaquices. Eu guardo muita coisa, mas depois eu jogo fora quando me dá a louca. Minha mãe gosta disso, é um hábito que ela também tem, tirando a parte de guardar papelada inútil. Do jeito que eu falo aqui, até parece que sou engraçadinho ou estou pouco me lixando. Não sou, sou seríinho, mas sei dar risada, olha só! Foi o ar de São Paulo que fez isso com a minha cara, e deixou as minhas pernas mais rápidas e os ombros mais duros, pra enfim poder costurar a negada toda na calçada. Todo paulistano tem vocação pra jogador de rugby. E esse santista que vos dirige a palavra não anda de skate e nem surfa (nem pretende), e nem torce pro Santos (se quer vê futebol), mas sabe parar pra admirar música e livro, entendendo disso ou não.

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