segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A roda não morreu

Madrugada de sábado para domingo e eu ia acordar às sete para trabalhar doze horas seguidas no dia seguinte. O que fazer? Vamos lá.

Você está cansado, não dormiu direito. Aliás, faz dias que não consegue dormir direito. Mesmo assim, funciona muito bem durante o dia, mesmo que tenha gente que associe o seu jeito normal de ser às suas horas de sono. E tu sabe que alguns chicletes e um copo só de café dão conta do olho pesado.

Já foi pro samba? Samba? Nunca fui. Depois de algumas barreiras quebradas, muito depois de descobrir que samba não era pagode, eu passei a ouvir coisas fora do gosto da faculdade. Só quando cheguei no Fundo de Quintal eu fiquei satisfeito, pois tava ouvindo ali algo bem próximo do povão. Claro que não era o disco num churrasco e nem um k7 no toca-fitas de um Monza, pois sobre isso eu não tenho mais controle. O jeito é mudar a sigla e partir pro mp3. Já cansava de ouvir falar do Chico Buarque e João Gilberto - gosto muito deles. Por mais a favor da mistura que eu seja, no fundo, concordo com o Paulinho da Viola:


Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim


Ok, "Volta da Sorte" é muito boa, assim como a muito mais antiga "Samba do Arnesto". E os sambistas que se lançaram nesta década que está acabando? Não, não envenenaram o cavaco, e isso não é esquecer que o tempo passa. Não é preciosismo. A roda morreu? Os caras compõem muito bem, sim, muitas vezes sinto ali algo que sobrou do choro e cia que já ouvi falar, música ou outra e não conheço mesmo.

Onde eu estava mesmo? Ah sim, madrugada e trabalho no dia seguinte. Pois é. A primeira vez que assisto a um show na Rua Augusta, do lado do Studio SP, e é um show de samba. Estreia dupla pra mim. Não sei me soltar e no meio de todo mundo não sinto falta disso.

Não parece ser só um nome de remédio. Talvez seja mesmo uma cura, pois o dia seguinte fiquei com o samba batendo. Daquela vez não teve surdo ou bumbo. O negócio era labuta e batente.

E tava feliz ali, com certeza.

Um comentário:

  1. Taí o que surpreende o guereiro... a versatilidade do outro!
    Treinamente hein? Um grande abraço

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