sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vocalista - e não cantor.

Vocalista não se basta. Preciso de um grupo em que todos tenham igual valor, e gosto disso.

Pra quem não conhece, aquelas frases do “Repertório” eram versos das muitas músicas que compomos ao longo de seis anos e meio de amizade. Foram algumas pausas, regadas a poesia e base, idas e vindas. A Retroavantes era o mais próximo do que queria ver num palco, só que eu estava ali. Bem, é estranho, demorou pra cair a ficha; tudo o que eu me conheço por vocalista (não sou cantor) foi aplicado ali. Obedeci, claro, a muitas coisas criadas por eles, mas se o fiz é porque a composição dos meus amigos tem credibilidade. Estaria sozinho, mas temos – eu e o Leo, graças a ele, a quem agradeço muito – Os Cadillacs, meu emprego aos finais de semana. Ainda não fazemos shows na freqüência que desejamos porque ainda estamos vinculados apenas ao Cadillac Vintage Bar, aquele lugar retro e saudosista no Centro de Santos, que tanto nos acolhe.

Sozinho, sigo o sonho de fazer arte através de tudo que vivo, cada placa de trânsito, cada livro, vírgula, atchim, cada cena de cinema barato, cada busca na internet, ângulo de foto, cada beijo compartilhado, cada reparo, corda estourada, rouquidão, batuque. Eu estaria em uma fase “audiotopia”, música understream, popular e itinerante, mas me julgo imaturo demais pra isso – fica pra posteridade! Enquanto isso, vou cantando ainda em inglês e português, todo rock e pop antigo que ainda reverbera na cuca de quem nos assiste. Aprendi, nesse exato instante em que escrevo (mesmo!), que não devo trabalhar com aquilo que quero aprender agora, mas sim trabalhar com o que já sei. Estou muito acostumado a aprender. O que eu mais fiz até hoje foi ser saudosista; posso ganhar a vida com isso, cantando o que as pessoas querem ouvir.

Todo tipo de indagação sobre ter um repertório pop já me afligiu antigamente; hoje não faz sentido questionar o gosto de quem me paga. Todo centavo ganho com música é especial, pois a possibilidade de conseguí-lo é menor, tamanho o estigma que essa profissão carrega.

Não escolhi caminhos fáceis; sinto-me angustiado por não poder me dedicar como quero àquilo que me traria retorno imediato, e não somente despedir pacientemente meia década de carteira, livros e notas. Pra mim, música e literatura, isoladas uma da outra, são excelentes – e insuficientes. Não basta fazer só uma das duas.

Quero braços levantados para tirarem dúvidas! Quero braços levantados para cantarem junto! Só não sei se é mais ano letivo ou turnê de álbum novo.

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