terça-feira, 30 de dezembro de 2014

É uma pena mesmo

Desculpa, Wagner. Sou de direita e não faço nada disso que você falou, não. Tenho mais coisas em comum com você do que você imagina, a julgar pela minha vertente política; o que nos diferencia é o caminho que queremos usar para chegar nos mesmos objetivos. A direita não quer "ferramentas civilizatórias". Concordamos que apontar características nos outros para fazer piada não tem graça nenhuma, mas apontar que ser "de direita" é igual a ser "fascista" também não tem graça, guardadas as proporções nessa falsa simetria que pus aqui.

Sua postura, como a de muitos da esquerda brasileira, interpreta a direita como sinônimo de autoritarismo e conservadorismo, enquanto a esquerda clama para si o direito autoral sobre tudo que é libertário. Um comentário: ser contra grandes corporações, monopólios, lutar por direitos de minorias etc não é exclusividade do pensamento de esquerda, mas de libertários, sejam de esquerda ou de direita. É claro que temos exemplos barulhentos de gente pró-militares, intervencionistas e separatistas, mas a direita é só isso?

Você e tantos outros não estão vendo apenas um dos tons da direita e o usando para repudiá-la por inteiro?

No outro lado da moeda, ser de esquerda é só gulag e black bloc?

Associar essa imagem à direita não é um tipo de maniqueísmo, que põe arbitrariamente a esquerda como "Bem" e a direita como "Mal", um claro-e-escuro sem fim?

Admiro o seu trabalho como ator e, como fã, é natural que eu crie expectativas. Uma delas é ver gente esclarecida e talentosa – como você – não repetindo essa relação entre direita e autoritarismo. Mas fique à vontade para sentir pena do que quiser.

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