quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Não tem pra onde correr

O ex-presidente do Brasil e atual "porta-voz não-oficial" do PSDB Fernando Henrique Cardoso declarou o óbvio sobre o partido, ainda que esteja mentindo sobre qualquer postura conservadora exclusiva de José Serra.

O candidato está errado em ser conservador? O que há de errado em ter apoio de conservadores, ainda que estes sejam aliados a setores religiosos? Sequer ocupam cargos políticos! Apesar de não propor nada que o diferencie de Fernando Haddad, o infeliz do Serra defende outros valores e não seria diferente como, por exemplo, ao condenar a proposta do Kit Anti-Homofobia. O que querem, inclusive no próprio PSDB e por meio de FHC, é calar a dissonância, eliminar a alteridade, ainda que ela não exista – menos ainda na figura do Serra.

Ganhar o rótulo de conservador é, no mínimo, transparência sua com o eleitor. Ele mesmo deveria ser carne-de-pescoço e defender isso, se não fosse tão frouxo.

Serra é o cordeiro a ser imolado em nome da integridade do partido. Não, ele não é uma vítima de propaganda eleitoral do PT, pois ele mesmo cavou todas as acusações que recebe.

E... por quê imolá-lo? Simples. Já que o PSDB não tem representatividade em quase nada que não seja Sudeste (SP e MG, nessa ordem), elegeram um culpado por tudo o que há de mais sujo do partido, uma vez que todos têm lá a sua sujeira. No caso do PSDB, é só eleger o Serra como um pária, "um defensor de valores retrógrados que não respondem mais a sociedade de hoje.

Afinal, ele é velho mesmo, não?

FHC foi sincero pero no mucho: indiretamente assumiu que o que o PSDB faz não é política de direita e que social-democracia não é liberalismo, senão não teria ressalvas em relação à postura do colega. É chover no molhado dizer que a mídia vai continuar tratando o partido como a direita do país. Afinal, nem o DEM existe direito, já que Gilberto Kassab levou metade pro PSD. Parece estabelecimento comercial que tem o alvará falso, tem CNPJ sujo e deve na praça: pra caducar dívida, muda nome e lugar de tempos em tempos.

Aguardo um parecer da Revista Veja – sim, aquela que não é, mas normalmente é tratada como direitista (só porque teima no Mensalão e ignora a Privataria), apesar de responder a uma classe média que lê com olhos canhotos. Aguardo a magnânima fonte de saber chamada Arnaldo Jabor, formador de opinião por excelência, celetista, com código registrado na CBO. Entre os "conservadores", é o que tem pra hoje.

Não que Serra fosse uma opção, muito menos esse partido, mas dessa vez é declarado. Agora é oficial que o Brasil não tem opções; não há um lado pra onde correr.

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