quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A manada ante o rebanho

Em sabatina recente, o candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Russomano fez uma declaração. Leonardo Sakamoto, jornalista e guia genial dos povos nas horas vagas, fez uma matéria.

Não sei se as tais igrejas se aproveitam ou não dos fiéis. Sei que estão sendo aproveitadas por Russomano, que por sua vez está sendo aproveitado pelo Sakamoto.

O Russomano é o oportunista que fala.

O Sakamoto é um oportunista que escreve.

Parte do eleitorado já está se doendo só em pensar em uma igreja a cada esquina. Atualmente temos bares; afinal, essa é a demanda. Uma multidão de fiéis é mais assustadora que uma multidão de gente afim de curtir?

Fico feliz com os supostos "laicistas" e suas convicções sobre a massa de manobra que religiosos são. Fico feliz porque esses ateus mal sabem que são teleguiados por uma ideologia tão grande e tão parcial quanto a IURD e afins. Silas Malafaia é um anjo perto de gente assim.

Silas Malafaia e lâmpada fluorescente? Acaso o jornalista iguala skin head a evangélico?

Então a Igreja poderia mediar alguma coisa? Essa liberdade de "apite até aqui, porque daqui em diante apito eu" me lembrou o espaço da Igreja Ortodoxa Russa no período da URSS.

O jornalista precisa aprender um pouco de semântica antes de se referir na mesma frase sobre quem é "temente" e vive "com medo". Um dicionário ajudaria, mas sem dúvida ele sabe o sentido e ataca usando o mesmo argumento – já que quem gosta desse sujeito não conhece e não dá a mínima, ou seja, é a maioria da manada que acata suas ideias.

3 comentários:

  1. Você sabe que eu não sou atéia, certo? E que eu acredito em muitas coisas... mas não acredito que um candidato a prefeito deva utilizar-se da religião para se eleger. Religião não deveria ser envolvida nisso, nem a o fato de possuí-la nem o fato de não possuí-la. Eu não sei qual é a religião dele, nem me importa saber se as igrejas que ele quer ver a cada esquina seriam católicas, evangélicas, metodistas, umbandistas, corintianas. O que me importa é que essa eleição não é para padre ou pastor - é para prefeito. O Sakamoto é oportunista, todos sabem. Mas ele não é candidato, nem corre o risco de ser prefeito dessa cidade. Ele pode falar o que quiser, a gente pode concordar ou não. O Russomano, se ganhar, tomará decisões por todos nós. Isso é muito mais grave. Jornalista de opinião, com coluna assinada, afeta bem menos a vida do cidadão médio que um prefeito maluco.

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  2. Não me referia ao Russomanno e a loucura de usar religião como cabo eleitoral.
    O Sakamoto não ser candidato não faz dele inofensivo. É até pior. O poder de mexer com a opinião pública que o jornalismo tem – e é perigoso.
    Quando falei de ateus, me referia a gente que defende um Estado laico quando na verdade quer um Estado ateu; gente que não quer "Pai Nosso" antes da aula sem perder Natal, Carnaval etc.
    No mais extremo dos lados, temos isso aqui:

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/62445-oracao-da-vitoria.shtml

    Leia e me diga o que acha.

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  3. Eu sei qual o poder da mídia tem, inclusive por ser jornalista. E não acho que o Sakamoto seja inofensivo - só acho que o Russomano é muito pior.
    Coluna assinada é muito diferente de notícia de jornal - na coluna está claro, mais do que claro, que aquilo é opinião. Os leitores do Sakamoto sabem disso. Se ele dissesse o que disse em uma matéria "normal", eu seria a primeira a gritar contra. Não é o caso.
    Eu defendo estado laico, e estou disposta inclusive a perder feriados cristãos por isso - se a preocupação é feriado, ter folga, dia de qualquer coisa serve no lugar.
    Eu já votei numa evangélica para presidente da república (Marina Silva). Fiz isso porque acredito que as pessoas devam votar nas pessoas, no que elas representam, nos planos de governo. Ter como plataforma o uso de religião me parece tão ruim quanto defender posições preconceituosas, tipo ser contra casamento civil (com ênfase no civil) entre pessoas do mesmo sexo.
    O Sakamoto, em boa parte das vezes, é preconceituoso e irresponsável. Mas, repito, um candidato ser preconceituoso e irreponsável é bem pior, sobretudo se ele está no alto nas pesquisas, com chances de ganhar.
    Quanto ao texto, eu me peguei pensando, no dia do jogo, se alguma das jogadoras fosse atéia, o que ela faria. Ou se ela fosse budista, muçulmana, judia. É algo a se pensar? Não sei. Não me incomoda a demonstração de fé, até porque não feriu ninguém, nem parece ter deixado ninguém desconfortável. Talvez seja esse o limite - o desconforto de quem está envolvido.

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